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Thursday

...E das ruínas da cidade, surgem anjos feridos

Sento-me ao teu lado no chão irregular
Ignorando as palavras que tardam em chegar
És o fantasma possível de um mundo virtual
Fixas a colina que desfaz o horizonte linear
Observas a criança que balouça no ramo frágil
A árvore milenar
O sol cega-me a alma por instantes
E naquele momento desejava poder respirar o vento
Absorver as flores que teimam em crescer no alcatrão
Que tudo tende em desaparecer eventualmente
A não ser que abras os braços em direcção ao céu
E sejas o milagre impossível de anos de espera
Por momentos temo que desapareças de vez
Mas a sensação não dura mais que um pestanejar
E é tão bom poderes acreditar no que vês
A honestidade imperceptível do momento
Dissolve a realidade aparente
E finalmente consegues entender
Como é fácil voar sem que asas te nasçam
Ladeada por momentos que te tornam no que és
Amanhã de manhã já cá não estarei para deixa nascer
Urgência num dia intemporal
Dás-me um papel amarrotado que ambos sabemos o que é
Interrompemos a rotina para que possamos sonhar
Acreditas, ages para sempre, deixas viver
Montanhas que ruem ao som de suspiros
Amantes que conspiram o próximo beijo na utopia certa
De que o dia seguinte será só mais uma etapa fugaz
O caminho para o mundo perfeito, a incógnita constante, a palma da tua mão