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Monday

Urza azul

E tudo recomeça de novo
Outro dia, a mesma história
Ver as mesmas pessoas
Dizer as mesmas palavras
O que não daria por uma surpresa diária
Que quebrasse a dormência da alma
E me fizesse acreditar no amanhã
Todos os dias morro um pouco
Caminhada firme para o funeral
Leite com chocolate para o pequeno almoço
Cigarros como sobremesa
O frio da rua que me leva ao destino
A vontade de voltar para trás
De fugir para longe, explorar o mundo
Implodir com ele
Preciso de encontrar um desvio urgentemente
Planear a fuga antes que seja tarde demais
...Até lá
Respira fundo
Continua a fingir
Constroi reinos fictícios
Continua a fingir
Sorri para o homem de negro
Continua a fingir
Socializa
Continua a fingir
...E o dia acabará por terminar

Thursday

Divisão

O dia estava demasiado quente para fugir
Eu instalado no quarto da minha mente
A formular sonhos que nunca tive
Uma chávena de café manter-me-á acordado certamente
O tempo vazio, fácil, acetinado
Transporta-me de volta á origem
Por vezes é difícil não me arrepender de mim
Ao vêr que a rotina continua indefinitivamente
Que continuo a ter o mesmo que sempre tive
O dia arrefeceu, mas permaneci
Observei a mudança de estação
Permaneci inerte
E deixei que tudo se movesse em meu redor
A beleza fluiu, como um copo de água em queda permanente
Nem sempre é fácil aceitar o fim do verão
Mas é na fina membrana que o separa do inverno
Que reside a resposta para a mudança
Abri a porta, e abandonei o quarto

Monday

3 Linhas

Num tempo em que não vivi
Num espaço que nunca tive
Está uma parte do que sou

Friday

18:02

A aventura surge da vontade
Adormecida por tanto tempo
Gotejante, a feroz inércia
Safari, cigarros e um copo de água
O papel de parede em espiral
A hipnose salvou-me
De tanto tentar consegui
O sabor agridoce da verdade
O sofá pode esperar por mais uns minutos
Por agora prefiro manter
E soltar as correntes
Que me prendem ao Óasis
Não ser
A ultima liberdade
A fronteira inultrapassável

Wednesday

Arco-Iris

Histórias simples
Amanhã queres ser de quem deus quiser
Vendes-te a alma por prazer
Caminhas na linha incerta do pseudo coração
Queres respirar mas o mundo sufoca-te
E no momento em que a queda chegar
Verás o chão de perto
A relatividade da realidade
Que somos humanos, e propensos a errar
Que a imortalidade pertence ao tempo
Nada podes fazer para o mudar
Auto interpretação
A morte dum anjo é sempre de lamentar
Mas a ascenção de um demónio é mais vulgar
Hoje vou ser aquilo que não me deixas-te ser
O despertar do carnal
Da não repressão
...O belo

Monday

A solução

Já não és aquilo que eu julgava seres
Não passas de uma mancha diluída
De uma nódua esbatida
Pelo tempo que passou por ti
O engano é inevitável
A regressão evidente
A lâmina acabará por cortar
O que resta da corda gasta
Aproveita enquanto toca esta canção
E dança até á exaustão do ventre
O dia há-de chegar
E o chão acabará por ruir

Saturday

Invencível

E se amanhã não me encontrares
Talvez seja porque já cá não estou
Ontem a noite choveram flores
E eu não resisti á tentacão da côr
Memórias antigas, o relógio dispara
Está quase na hora, ignora por agora
A velocidade imensa do tempo
A ferrugem no barco, prestes a afundar
Visita a praia onde te deixei
Respira o mar, absorve a areia
És o luar, quero que te lembres de mim
Como da ultima vez
A vida é a aventura da queda
Interminável sonho acordado
Enrolo os dedos em torno do anel
Jamais serei aquele que mendiga o teu sorriso
Por agora escrevo o que sinto
Até que um dia o fim seja certo
Mas enquanto viver em mim
E me conseguir sentir
Serei para sempre invencível

Thursday

Simples como respirar

Olha para mim
Como eu nunca consegui
Acerta no reflexo que é teu
Porque há vida nos actos invisiveis
Recebe a arma como combinado
E comanda o mundo
Nem que seja por uma fracção de segundo
O arranha céus pintado de branco
Um passo em frente, só para saber que estou vivo
O som dos pianos no hall iluminado
Imensa orquestra escondida
Eterna camâra lenta
As árvores, o cheiro acabado de nascer, és tudo
Quero acreditar que sou bom
Mas todos os dias me mato um pouco
Sou o hómicida inocente, das palavras sem sentido
E todos os dias o Sol nasce de novo
Por vezes acontece o milagre do calor, do teu corpo encostado ao meu
Mas por agora estou bem
Prefiro a solidão do conhecimento
Que a bela vertigem do amor
Porque ambos sabemos que um dia irá acabar
Aceita o facto, ignora a corrente

Sunday

Quase

Faz morrer o heroi que há em mim
Não vale a pena acreditar mais
Atiro a espada ao chão
E o som abafado da queda na lama
Faz-me acreditar que o destino é certo
O sabor do sangue é sempre melhor
Que horas são no outro lado do mundo?
Cego com a razão que criei
Vingo a minha morte com um grito mudo
Consegues sentir-me do outro lado da cama?
Por entre nuvens baixas, evito respirar
Mas eu acordo a cada dia
Com a certeza de ainda estar a dormir
E na solidão nasço outra vez
Para um mundo só meu
Para um mundo que sou eu
E agora já sei quem sou
Não sou a sombra esquiva na soleira da porta
Sou a luz eterna de uma vela apagada
Acredita em mim, mesmo que minta
Pois a verdade é fugaz
E amanhã já não me lembro
E o medo...
O medo é a condição eterna

Thursday

E depois...

Voltei por tempo inderteminado
Voltei para ver se ainda significa
E todas estas coisas ao mesmo tempo
Algum dia hão-de fazer sentido
Não estou confuso!!!
É apenas o facto de viver
De sentir o cheiro das pessoas na rua
De as ver caminhar para o fim
...Porque sim...
Provavelmente sou eu que estou errado
O mais certo é toda a gente estar
Mas quem se importa afinal?
Temos uma ânsia tão grande de viver
Que regra geral deixámos passar a vida ao lado
E continuámos a brincar em castelos de areia
Prestes a ceder, como lágrimas emprestadas
Na mão esquerda a tesoura aberta
Reflecte fragmentos do meu passado
Na direita o cordão umbilical húmido
O corte é certo
A dôr vem depois