TO NOWHERE »

Monday

Uma questão de princípios

Olhei para dentro, e tentei repirar, afastar o peso do tempo, que me tornou numa farsa sem fim nem começo. Percebo agora que a vontade é escrava dos dias que restam para que a paixão acabe, e que o coração começa a bater mais devagar à medida que o instantâneo perfeito se vai esbatendo, os contornos, indefinidos, do que outrora foi o ínicio, revelam um paralelismo invulgar com a condição primária do ser, e do aceitar de que para que possamos ser abençoados com o começo, temos de antemão aceitar o fim inevitável. No entanto, continuamos a preferir a cegueira voluntária, o sonho, ou até a rotina, e aí permanecemos indefinitivamente no casulo fechado, no estado intermédio, entre a origem e a plenitude, aguardando a chegada de um deus que não existe, em frente a uma televisão de cristal.
O meu desejo... esse... é que amanhã possa ser eu.