O samurai azul envelheceu com o tempo perdido de uma vida dedicada à morte, vagueou por aldeias e vilas, por montes e planicies, procurava um rival, um significado para a mente desgastada. Parou um momento para apreciar o som que o vento produzia numa oliveira, e ali ficou por dois dias à espera do verdadeiro significado, não do vento, nem sequer da oliveira, mas sim da globlalidade do esquecimento, das muitas guerras travadas, e da origem do céu.
No terceiro dia prosseguiu viagem, seguiu para norte. Olhou para o seu lado direito e avistou um abutre, e com a delicadeza apenas possivel aos da sua espécie, sacou da espada e cortou o pulso direito, estendendo o braço para o animal saciar a sua sede.
Continuando a sua demanda, parou a frente de um arbusto e pegou-lhe fogo, observou o espectáculo e retomou a caminhada.
No iniciu do sexto dia, depois de quase uma semana a caminhar, decidiu parar na berma da estrada, sentando-se numa pedra para o efeito, e foi com admiração que viu um homem sentado de forma quase simétrica a sua frente, estudou-o durante alguns minutos, viu nele o adversário que sempre procurara, sentiu que era ele o seu verdadeiro e único inimigo, numa fracção de segundo sacou e atirou a espada em direcção do peito do inimigo, o som que se verificou a seguir foi como o do vidro a partir em mil pedaços, o samurai levantou-se, atravessou a estrada até ao outro extremo, e observou meticulosamente os fragmentos do espelho partido, baixou-se, colheu sua espada com a mão esquerda e um pedaço de espelho com a outra, e com singela violência muda espetou o pequeno fragmento junto de seu coração.
Caíu subitamente no chão em chamas, banhado pelo sol do meio-dia.
Abram alas pois o samurai, morreu.
Thursday
O samurai azul
Posted by The Absence Of a Wall at 12:07:00 AM